A ayahuasca

A ayahuasca, uma bebida sagrada para diversos povos antigos da floresta, vem ganhando um destaque no mundo todo, despertando a curiosidade crescente de pessoas na busca do autoconhecimento. Seu uso é feito em consagrações que buscam a expansão da consciência individual e coletiva. Com esse propósito de elevação espiritual, os rituais que oferecem a bebida abrem-se para a união entre todos as culturas e pessoas. Nessas consagrações, os povos indígenas também oferecem suas canções, suas orações, suas cores e suas curas na forma de medicinas da floresta. A ayahuasca junta-se ao tabaco do rapé tradicional e do cachimbo, à sananga, ao kambo e a outros elementos da mata, trazendo seus guardiões – instrutores ancestrais de aspectos fundamentais do nosso mundo. Seu uso espiritual permite um direcionamento construtivo na ingestão dos princípios ativos das plantas, algo que não pode ser descuidado nem irresponsável. De fato, se tomados com sabedoria, a ayahuasca e as medicinas da floresta podem ajudar no tratamento contra o abuso de drogas e hábitos autodestrutivos.

Ayahuasca, a sacred drink for many ancient folk of the forest, has been winning importance in the whole world, awaking the rising curiosity of people in the quest of self-knowledge. It’s used in consagrations that aim for individual and collective conscience. With this propose of spiritual elevation, the rituals that offer the drink open themselves for the union between all culture and people. In these consagrations, the indigenous people also offer their chants, their prayer, their colors and their cures as forest medicines. Ayahuasca joins the traditional rapé (snuff) and pipe tobacco, sananga, kambo and other jungle elements, bringing their guardians – ancestral instructors of fundamental aspects of our world. It’s spiritual use allows a constructive directioning in the ingestion of the plants active principles, something that can’t be careless nor irresponsible. In fact, if taken wisely, ayahuasca and the forest medicines can help in the treatment against drug abuse and self-destructive habits.

Conhecida como um “chá”, trata-se de uma bebida tradicional das folhas de chacrona (Psychotria viridis) e o cipó jagube. A chacrona contém DMT (dimetiltriptamina), uma substância presente em todos os mamíferos e diversas plantas, enquanto o jagube carrega i-MAO, o inibidor da enzima MAO (Monoamina oxidase), responsável por degradar as moléculas de DMT no corpo. A ayahuasca resulta de horas de decocção das folhas e do cipó, feita com muito respeito por todos os grupos que realizam um trabalho espiritual sério.

Known as a “tea”, it’s a traditional drink from the chacrona (Psychotria viridis) leaves and the jabuge (Banisteriopsis caapi) vine. Chacrona has DMT (Dimethyltryptamine), a substance present in all mammals and many plants, while jagube carries i-MAO, the inibitor of MAO enzime (monoamine oxidase), responsible for degrading DMT molecules in the body. Ayahuasca is the result of hours of decoccing the leaves and the vine, a process done with much respect for all groups that have a serious spiritual work.

Uma vez no corpo, o DMT permite ao ser humano abrir sua visão a diferentes perspectivas de consciência. Alinhando-se coletivamente por meio de canções e conexões com os pajés, txanas (cantores e cantoras), guias e guardiões, podemos ter acesso à consciência expandida da qual fazemos parte com a natureza. Essa conexão pode ser entendida como uma forma de transcendência. A floresta abre suas cores e sua sabedoria quando, com calma e entrega, criamos clareza de nossa essência mais pura e inteligente.

Once in the body, DMT allows the human being to open up vision to different conscience perspectives. Collective aligning through chants and connexions with the shamans (pajés), txanas (singers), guides and guardians, we can have access to expanded conscience from which we are a part with nature. This connection can be understood as formed of transcendence. The forest shows its colors and wisdom when, with calm and surrender, we create clarity from our purest and most intelligent essence.

As medicinas da floresta espalharam-se e inspiraram milhões de adeptos pelo mundo inteiro, cocriando um amplo estudo sobre a consciência da unidade espiritual, cultural e natural. Essa integração é uma vontade íntima de todo ser. É o estado de unidade que permite verdadeiros milagres e transformações na saúde humana, seja individual ou coletiva.

The forest medicines have been spread and inspired millions of adepts throughout the world, cocreating a wide study about the conscience of spiritual, cultural and natural unity. This integration is an intimate will of every being. It’s the state of unity that allows true miracles and transformations in human health, whether individual or collective.

Muitas pessoas encontram, por meio da ayahuasca, insights e ferramentas que auxiliam na construção da coerência interna. São possíveis revelações que se destacam e aparecem com claridade à mente, para além das mirações que o espírito da Rainha acompanha e introduz no aprendizado. A Rainha é o espírito mestre da ayahuasca, chamada por muitos outros nomes nas tradições indígenas e conhecida por todos que reverenciam as medicinas da floresta. É compartilhado um ambiente espiritual seguro no qual os indivíduos possam trabalhar superações pessoais e habilidades inatas, enquanto aprendem sobre compaixão por si mesmo e por todos os seres. O contato com a natureza fortalece os sentidos e sentimentos, transcendendo o intelecto e trazendo a cura que passa a ser uma realidade de cada um.

Many people encounter, with ayahuasca, insights and tools that aid in the construction of the intern coherence. It is possible to have highlighted revelations that show up with clarity to the peaceful mind. It goes along and beyond the “mirações” that the Rainha introduced in the learning. The Rainha (Queen) is the master spirit of ayahuasca, called by many other names in the indigenous traditions and known by all those who reverence the forest medicines. It’s shared a safe spiritual environment in which the individuals can work personal overcomings and innate abilities, while they learn about compassion for yourself and all beings. The contact with nature enhances the senses and sentiments, transcending intellect and bringing the cure that becomes a reality to each one.

A proximidade com tradições ancestrais cria a possibilidade de um contato profundo com um conhecimento disponível a toda humanidade sobre coexistência e corresponsabilidade. A floresta e todos os seus habitantes – humanos e não-humanos – é um coletivo que faz parte da Terra. Faz parte de todos os indivíduos. Compartilhamos um mundo de saberes e horizontes, paisagens harmoniosas, reencontros de jornadas. A ayahuasca é um ponto de luz e união nessa rede; um ponto de conversão que hoje traz o potencial de unir os mais diversos curandeiros, médicos e estudiosos de Gaia. Embarcar nesse estudo é um passo no nosso reencontro com um xamã antigo… uma pele com a qual todos, em alguma existência , caminhamos.

The proximity with ancestral traditions creates the possibility of a profound contact with a knowledge available to all humanity about coexistence and co-responsibility. The forest and all its inhabitants – humans and non-human – are a entourage that’s part of Earth. It’s part of everyone. We share a world of wisdom and horizons, harmonious landscapes, journey reencounters. Ayahuasca is a point of light and union in this network; a conversion point that today carries the potential of uniting many kinds of healers, physicians and students of Gaia. Boarding on this study is a step in our reencounter with an ancient shaman… a skin with which everyone of us, in some existence, have walked.

A medicina da floresta – a copaíba

Óleo de Copaíba – suas propriedades e utilização:
Em uma rápida pesquisa sobre o óleo de copaíba na internet aparece uma série de informações interessantes. Copaíba é uma árvore nativa na região Amazônica, com flores brancas e frutos com vagens contendo uma semente. Sua madeira vermelha é utilizada na marcenaria.

Estudos e pesquisas realizadas com o óleo da copaíba são insuficientes para afirmar que suas propriedades beneficiam o sistema do corpo humano, entretanto, o seu uso é cultural pelos nativos da Floresta Amazônica como uma medicina desintoxicante para o corpo.

Tornou-se um produto importante para o mercado local na Amazônia sendo utilizado, além das medicinas caseiras, em cosméticos e tintas.

Há registros de que a copaíba já era utilizada no Brasil antes da colonização portuguesa, quando os povos originários brasileiros, os índios, perceberam que os animais se esfregavam ao tronco da copaibeira quando tinham algum ferimento. Então, o índio notou que a árvore tinha propriedades medicinais e passou a experimentá-la em seus próprios corpos, confirmando seus efeitos.

A princípio era utilizada para tratar doenças de pele e picadas de insetos. Depois, foram sendo descobertas outras aplicações, principalmente na cicatrização de de ferimentos diversos.

Além das indicação dos pajés como um anti-inflamatório poderoso, estudos acadêmicos apresentam diversas propriedades do óleo de copaíba – sendo utilizado para tratar bronquite, doenças de pele, úlceras e sífilis, bem como para curar feridas.

Do ponto de vista farmacológico, destaca-se o beta-cariofileno, um anti-inflamatório que atua sobre a mucosa gástrica, aliviando azias, curando úlceras e gastrite. Seu poder anti-inflamatório é grande. Quando comparada ao diclofenaco de sódio, que é um medicamento utilizado com eficiência para esse fim, e seu efeito foi duas vezes mais eficiente. Na prática, com uma dose menor, a equivalência terapêutica foi a mesma.

Além de muito útil nas inflamações e infecções, devido à sua ação cicatrizante, a copaíba também tem ação expectorante e antimicrobiana, indicada para diversas doenças e incômodos, como feridas, furúnculos, eczemas, urticárias, seborreias, afecções de garganta, gripe, tosse, disenteria, corrimentos ginecológicos, incontinência urinária.

Fontes:
http://www.minhavida.com.br/alimentacao/tudo-sobre/20317-oleo-de-copaiba
http://www.oleodecopaiba.com.br/
https://www.remedio-caseiro.com/saiba-para-que-serve-o-oleo-de-copaiba/

O pajé, que índio ele é?

“Quando o pajé canta, ele conecta a comunidade com os espíritos e seres da floresta. Isso traz harmonia e força. Promove equilíbrio e saúde. ”

O pajé, é uma figura de extrema importância dentro das tribos indígenas do Amazonas. Apesar de uma boa parte da cultura indígena ter sucumbido à chegada do “colonizador”, a presença deste personagem quase que principal de uma aldeia, ainda permanece, e com toda a sua sabedoria.

O declínio do saber em alguns grupos indígenas amazônicos é resgatado pelos núcleos espiritualistas onde a ayahuasca, o rapé, a sananga, o kambô e outras medicinas são usados. E dentro dessas medicinas citadas, sem dúvida, a ayahuasca (bebida sagrada que tem vários nomes diferentes a depender da etnia indígena) é a mais misteriosa das alquimias utilizada pelo xamã.

Dentro da aldeia, o xamã é um personagem social que possui por conta da regionalidade da floresta amazônica, variações no nome, na participação social na aldeia, podendo chegar até a quase ser o líder do grupo, mas isso não é o comum. Na natureza da hierarquia de uma aldeia, ele é o líder espiritual e não tem como função trabalhar na lavoura ou no roçado. Ele é o detentor de um conhecimento astral, também transmitido via oral ou expresso por imagens. Essa figura emblemática reúne em si as funções de médico, sacerdote, conselheiro psicológico e auxilia como juiz o cacique. Quando o cacique precisa se ausentar, é pajé que assume suas funções de líder máximo de um povo. Seu comportamento é transcultural, e tem experiências universais, que vão além de sua cultura, isso quando em estado alterado de consciência.

“A ciência espiritual e médica dos pajés é um conhecimento construído e acumulado durante 4 mil anos. Começou 2 mil anos antes de Jesus nascer. Merece respeito. Merece o direito de continuar existindo. Só alguém muito demoníaco pode afirmar que a sabedoria dos pajés é obra do Diabo e ou querer não dar valor a ela.”

Um índio exerce a função do pajé ou xamã não pela imposição, mas como quase tudo que transcorre entre o povo indígena da Amazônia, esta função é por reconhecimento de seus iguais. Só seu povo pode dar a condição a um pajé de ter essa posição social. Por fim, o povo da aldeia, passa o considera-lo desta forma. É uma condição de pura vocação. Bem diferente da nossa sociedade, onde um médico torna-se médico por sua vontade de exercer tal função, o xamã não obtém o poder de escolha, o povo naturalmente assim o considera. E pronto. Ele também tem um grande papel de manter a aldeia unida em busca de sua identidade psicossocial viva.

O conhecimento que o xamã tem de medicina da floresta, compõe-se do profundo conhecimento que tem da tribo, dos aspectos da vida social do grupo e do ecossistema onde vive. Para ele, a saúde orgânica é um aspecto de algo muito mais vasto. O ato de curar, é uma guerra vitoriosa, na concepção xamãnica.

Nem todas as aldeias possuem pajés. É comum quando um índio adoece, no caso da não existência imediata de um pajé, convoca-se o pajé de uma aldeia vizinha – que vai de bom coração, com suas rezas e ervas, para a cura.

Para algumas etnias, como os tukanos, que vivem no Estado do Amazonas, na região fronteiriça do Brasil com a Colômbia, chamam este líder espiritual de “cumu” que representa, “o ponto máximo espiritual dos sábios”. Assim como em outras aldeias, “o cumu não é um chefe, mas sim um sacerdote”. O Cumu é um líder espiritual que conhece profundamente a sua história e faz com que essa história se traduza em força e fé entre os seus. Os “cumus” para os tukanos, têm uma posição transferível de pai para filho ou filha, dado que é natural ter mulheres “cumus”, e, neste caso, em geral, se especializam em causas femininas, como a arte de parteira, doenças de mulheres e crianças. Ela, pode também liderar um rito de cura ou pajelança, caso não tenha-se a presença de um “cumu” homem.

“O pajé é um guerreiro espiritual. Ele enfrenta espíritos malignos enviados pelos inimigos. Com cantos e flautas, ele chama os espíritos protetores do seu povo para a batalha espiritual. Se falhar, crianças, mulheres e homens da sua tribo podem adoecer e morrer.”

Em minha vivência no Acre, conheci na região do Rio Envira, sábios pajés espirituais e da medicina. Na ocasião, eles contaram histórias lindas e incríveis. Em nossa expedição ao Jordão, encontraremos antigos líderes espirituais hunikuins, talvez os mais tradicionais pajés desta etnia, onde será possível, vivenciar toda espiritualidade e cura dos xamãs. Na aldeia Boa Vista, temos o pajé Inkamuru, reconhecido por seu trabalho de cura, e na aldeia Chico Curumim, contamos com o pajé Siã Hunikuin, outro grande líder espiritual, igualmente reconhecido pelo seu trabalho. Ambos pajés são pesquisadores e profundos conhecedores da medicina da floresta. Neste escrito, não posso deixar de homenagear o pajé “Una Isi Kayawa”, também do Jordão, autor do belíssimo livro disponível nas livrarias “Uma Isis Kayawa – Livro da Cura do Povo Hunikui do Rio Jordão”, que deixou uma herança para toda humanidade.


Assista o vídeo:



Pajé Inka Muru da Aldeia Boa Vista – alto Jordão


Pajé Siã Hunikuin da Aldeia Chico Curumim – alto Jordão

“Quando o pajé dorme, os espíritos da floresta falam com ele. Avisam sobre perigos e informam coisas que precisam ser feitas para a saúde de toda aldeia.
Ou seja, até quando dorme, o pajé trabalha.”

Mãe Samaúma: espírito de proteção da floresta

Por Pardal Luiz
A samaúma é uma árvore milenar da região da Floresta Amazônica. Com uma altura entre 80 a 90 metros, essa espécie chega a ter um diâmetro de 5 a 8 metros. Para se ter ideia do tamanho do seu “corpo”, na sua fase adulta é necessário uma roda de mais 25 pessoas adultas para abraçar essa majestosa árvore.

Samaúma de médio porte, localizado na aldeia do Caucho. Foto tirada em março de 2017 durante uma expedição.

Em março de 2017 estive na aldeia do Caucho, no alto rio Murú (Acre), com mais 23 pessoas entre índios e não índios e juntos não conseguimos abraçar a majestosa samaúma. Apesar de seu tamanho imponente, a madeira da samaúma é macia, o que demonstra a sua fragilidade frente à potência das motosserras dos madeireiros.

Durante minha expedição encontrei algumas samaúmas. Nas terras dos shanenawás, no baixo rio Envira, em Feijó, encontrei cinco lindas árvores desta espécie, algumas delas em fase jovem, mas que, segundo o povo da floresta, tinham não mais que 40 anos. Pude ver ainda exemplares muito antigos, já bem altas, e uma gigante, que de acordo com um índio, deveria ter mais de 500 anos. Naquela hora pensei, então, que quando o português Pedro Álvares Cabral chegou à Bahia, essa árvore já existia. Minha reflexão foi além e não pude deixar de questionar o fato dos não índios insistirem em cortar, derrubar e matar uma árvore dessa magnitude. Grandiosa, ela pode levar entre 200 e 300 anos para atingir sua fase adulta. Mas, mesmo não sendo considerada uma maneira nobre, é um alvo constante dos madeireiros pela sua maciez, e por ser de fácil corte e manuseio. É cobiçada para confecção de compensados

As samaúmas são lindas, soberbas e misteriosas. Não se tem conhecimento, na Amazônia, de um espaço no qual haja concentração desta espécie, porque a sua reprodução é complexa e depende de diversos fatores naturais. Por exemplo, as samaúmas são muito delicadas e o seu florescimento é irregular, podendo demorar até cinco anos para florescer. Quando este evento ocorre a samaúma produz uma grande quantidade de flores brancas, que duram apenas uma noite.

Já o processo de fecundação ocorre com a ajuda do mundo animal. São morcegos que em bandos deslocam-se entre as samaúmas e ao colherem o néctar, sujam seus pelos com o pólen, que se espalham quando pousam em outra árvore da mesma espécie, fecundando assim as flores. Abelhas selvagens ou mansas, besouros e algumas aves também participam ativamente na fecundação desta árvore. Sem a ajuda desses animais e insetos, seria muito difícil a fecundação devido à grande distância entre as árvores.

A “mãe” samaúma é venerada por todas as tribos indígenas da Amazônia. Esse apelido é dado pelo fato de que ao esbanjar altura, a samaúma enxerga toda a floresta por cima, sendo por esse motivo considerada a mãe da floresta. Esses povos contam lindas histórias sobre a manifestação de seus espíritos nas noites de lua cheia. Além disso, o povo da floresta, afirma que a árvore tem propriedades medicinais. Sua importância é vital para a floresta amazônica e o meio ambiente.  Sua copa grandiosa abriga um pequeno ecossistema. Por conta de sua grande altura, as raízes das samaúmas são profundas e esse fato colabora para a irrigação dos lençóis freáticos mais profundos até a superfície favorecendo o processo da geração de umidade, isto é, evaporação e geração de chuvas. É importante ressaltar que a samaúma irriga as folhas não apenas em seu longo e espesso tronco, como também fornece ao ambiente a condição de irrigar parte da umidade das profundezas do solo até 100 acima da superfície, dividindo a água que conduz com outras espécies.

Bela, majestosa, útil à natureza é considerada sagrada para todas as etnias dos índios da Amazônia e celebrada pelos não índios que estudam e se interessam por ecologia. Um grupo de estudantes da Universidade Federal do Acre a chama de “uma escada para o céu” em um material produzido no âmbito do projeto Cine Ecologia, ministrado pelo professor doutor Fernando Schmidt, do curso de engenharia florestal. Assista ao vídeo e conheça um pouco mais sobre essa árvore mágica.

A atriz e apresentadora de TV brasileira Regina Casé foi à bacia Amazônica e fez uma reportagem sobre a importância da Samaúma, o GPS da floresta. Assista ao vídeo:

A lenda da garota que vive na árvore

As tribos da Amazônia acreditam que a samaúma tem na sua base (sacupema) uma grande porta invisível aos olhos humanos, usada ​​para se comunicar com mundos existentes. Essa porta, contam os índios, seria uma passagem entre o universo humano e o universo espiritual amazônico. Por essa porta entram e saem seres mitológicos da “selva mãe”. Um desses mitos é a existência de uma bela garota que vive na árvore – o verdadeiro espírito essencial da samaúma, o de uma grande curandeira e protetora dos animais e plantas da floresta.

Batani: índia artesã hunikuin do Jordão

“Tradução: Meu nome é Batani HuniKuin, tenho 24 anos, sou um ìndia hunikuin, moro na aldeia Boa Vista aqui no Jordão – Acre, e quero contar um pouco do trabalho com diversos artesanatos como: Tecelagem, fazendo tecidos e como eles, faço bolsas de vários tamanhos, toalhas, roupas em geral pequenas, e com vários tipos, tamanhos e desenhos. Todos os pontos que dou em meu trabalho, foram ensinados pela minha avó a muitos anos atrás. É cultural da minha família. Minha mãe também fazia, e eu quando aprendi, era muito pequena, e trabalhava com a minha mãe. Os desenhos também são da cultura hunikuin do jordão, e são muito bonitos.

Cerâmica, também vem da cultura da minha nação fazer trabalhos com cerâmica. Em geral são pequenos vasos de barro que servem para por alimentos, frutas e outros como vaso de água. Algumas mulheres “brancas’’ gostam de coloca plantas, mas aqui não precisamos disso, porque plantamos tudo no chão.

Miçanga, são aquelas pequenas pedrinhas eu juntas dão u colorido bastante bonito, e com desenhos relevantes. Mais do que isso, acredito que faço verdadeiras joias indígenas e com total exclusividade, porque uma peça, nunca sai igual a outra peça. Poucas pessoas conseguem ter porque não conhecem o trabalho das Índias artesãs daqui do Jordão. Colares, pulseiras, brincos, gravatas e outros lindos adornos, eu faço com minhas mãos e meu coração. Sempre que as faço, rezo para que as pessoas que usem, tenham muito amor no coração.

Palha, faço esteiras, redes e dormir, mochilas (com cipó), cesto e outros produtos que nós mesmo aqui na Aldeia usamos.

Madeira pequenas, ripas, cascas de árvore e galhos que estão no chão, eu aproveito para fazer alguns trabalhos de artesanatos. Não danificamos em nada a Floresta, mas tentamos trabalhar com que ela nos dá, e com todo respeito, amor e gratidão a Natureza.

Todos os trabalhos que fazemos aqui, tem como princípio, respeito e gratidão a Natureza.

Cultura indígena dos kaxinawás

Os kaxinawás têm uma cultura rica e vasta. São um povo feliz, sem dúvida, apesar de todo o contexto de ameaças constantes de perda de seu território para não índios – que provavelmente desmatarão a floresta. Sempre tocam e cantam quando estão experimentando e trabalhando na feitura da sua valiosa medicina da floresta. Quando estão em seu culto religioso (que costuma ter a duração de uma noite completa, do sol poente até os primeiros raios de sol do dia seguinte) comungam com seu chá sagrado, a ayahuasca. Nesses rituais eles bailam e cantam com o intuito de emanar vibração positiva para os deuses, para o aniversariante, para o doente ou simplesmente para todo o mundo. Têm o hábito cultural de desejar o bem para todos, cultuando a paz, a harmonia no coração, a compaixão e, principalmente a gratidão.

Luiz Pardal, idealizador da expedição Povo da Floresta, conta que quando esteve na aldeia do Caucho, em março de 2017, comemorou com muita vibração de amor, felicidade e gratidão o aniversário de um amigo. Os integrantes da expedição chegaram por volta das 2h30 a Tarauacá, subindo o rio Murú nos pequenos barcos dos índios.

“Encontramos essa maravilhosa e simpática aldeia, composta de um povo simples, amoroso e muito feliz. O motivo da comemoração, era o aniversário do nosso txai do rio Murú, o Txuã Hua Bake, que completava 20 anos naquele dia”, conta Pardal, que foi convidado a participar da festa com pajelança (série de rituais realizados pelo pajé indígena em certas ocasiões com um objetivo específico de cura ou magia), mas não pode compartilhar dos momentos na aldeia.

“Não pude ficar para ver toda a festa, mas vi muitos convidados txais índios. O evento contaria com a presença de alguns líderes de outras aldeias, como Tuin Hua Hunikuin, querido txai da aldeia Tamandaré (a uma hora de barco da aldeia Caucho).”

Ao falar da vontade de ficar para ver as celebrações, o aniversariante Txuã tornou-se correspondente do Povo da Floresta, e fez uma série de fotos dos irmãos de etnia compartilhando aqueles momentos e os ensinamentos que os hunikuins do rio Murú levaram à ocasião.

Abaixo, é possível ver algumas imagens desses momentos, que podem um dia serem vivenciados em uma nova expedição à floresta Amazônica. A agendada será em março de 2018. Você pode fazer parte da nossa vivência e imersão à cultura dos “txais’.

Noite de cura e bailado nas aldeias da Amazônia

Era 24 de agosto quando Txaná Tuin Hunikuin recém havia retornado à cidade de Jordão, a 418 km de Rio Branco, capital do Acre, no meio da Floresta Amazônica. Naquele dia, no entanto, uma nova viagem estava nos seus planos. Com um grupo de expedicionários vindo do Sul do Brasil, viajaria mais de três horas em um barco pelo rio Tarauacá.

O destino daquela noite: as aldeias Boa Vista e Chico Curumim.

Já anoitecia quando todos se juntaram aos demais índios locais e de outras tribos para formar uma roda de cerimônias programada há tempos por várias lideranças regionais. No centro do velho terreirão o líder religioso Inca Muru abria os trabalhos de pajelança.

De início, os índios reúnem-se, à luz de velas, e uma primeira rodada de nixipae, como é chamada o sagrado chá ayahuasca para o povo kaxinawá. Mais de três dezenas de índios das etnias hunikuin do Jordão, também conhecidos comp kachinawa, começam a cantoria, a bateção do maracá e dos demais instrumentos.

Ouvem-se canções na língua pano, que se intercalam com outras músicas aprendidas dos não índios. Assim que a música tomou conta do terreirão as índias levantaram-se e iniciaram o bailado, numa dança que duraria a noite inteira…


Índios e índias bailando, cantando e tocando ao longo da noite

Quarenta minutos após o início da sessão, os efeitos do nixipae começam.

É quando o Txana se levanta e fala aos visitantes: “nixipae é a ayahuasca, é composto um cipó sagrado e significa professor dos professores do povo nativo da Floresta. Serve para as medicinas, curando o espírito, a matéria e o pensamento das pessoas”.


Txaná Tuin Hunikuin

O ritual segue quando uma segunda dose é servida. A partir daí quem ainda não estava na força da corrente não teve como se controlar. Uma forte limpeza começa – física e espiritual.
A roda do rapé já havia passado também, trazendo mais miração e cura para todos.


Prática do rapé, é a medicina da Floresta em pleno uso da cura

Com mais uma sequência de hinos, foi a vez de Inka Muru, após uma pausa, servir o kawa kawa, erva moída num pó, que transforma-se numa pasta misturada com água, e forma a bebida que traz novos estados de iluminação. “Essa é a nossa medicina nativa.Significa olho do yuxibu, o espírito da floresta. Serve para o pensamento e o espírito. Para matéria se conectar com o yuxibu”, declara o líder religioso.


Pajé Inka Muru da Aldeia Boa Vista no Jordão

A pajelança segue, as índias dançam e a música rompe a madrugada. Quando chega o momento do Sananga, o colírio nativo da floresta.
Os mais velhos começam a pingar nos olhos.
Apenas um dos visitantes experimenta. Em poucos instantes, começa a sentir uma sensação em sua testa, como se estivesse sendo mexida energeticamente. Depois do forte arder, ele relata a sensação de leveza e suavidade na sua visão.

“Usamos o shane tsamati (sananga) para a caçada. Serve pra enxergar bem do ‘cego’, para picada dos insetos, e para curar dos maus espíritos”, diz Txana.

Em meio à roda, começam as aplicações do mulateiro, o banho de folhas que “dá” muitos anos de vida, segundo a crença. Todos passam por mais esta sessão de limpeza, quando os índios preparam matsi pei.
“Serve para esfriar as quenturas, para tumor, para dores de cabeça, para curar dores abdominais, para esfriar o coração e tirar o estresse”, Siã Hunikuin, pajé da aldeia Chico Curumim.

As horas se passam, a miração se acalma e o sol nasce.
É a hora de encerrar a viagem.
A única certeza que ficou aos não índios que ali passaram por aquela noite na aldeia foi a de que nunca seriam os mesmos. O ingresso no coração da floresta e na alma ancestral indígena marcaria para sempre a existência deles.

Haux haux….


Os pajés Inko Murú e Siã Hunikuin junto com o líder Txana Tuim

Em breve, estaremos formando uma expedição para estas duas Aldeias.

Rapé: sua utilização e indicações

O uso do rapé é ancestral e presente em diversos lugares e épocas da história. Durante a colonização do Brasil, os indígenas e pajés da floresta já faziam uso do rapé como medicina e de seu poder espiritual nos cerimoniais da tribo. Muitos europeus que vieram ao Brasil na época experimentaram o rapé.

Até hoje os pajés usam rapés antes de entrar na mata para se harmonizarem com os seres da floresta. Já os índios o utilizam como forma de ligação do seu espírito com o mundo espiritual. “Passar rapé” é o termo usado durante o ritual xamânico e a substância está sempre presente nas pajelança dos índios da região amazônica, em especial os que vivem no Acre.

Rapé é um pó fino, que ao ser inalado por meio de uma fumaça ou nuvem que se sopra, envolve o ambiente. Os índios acreditam que a aspiração desta fumaça representa absorver energia dos espíritos que acompanham o pajé, sua ancestralidade e os seres espirituais que habitam a floresta. Após aspirar ocorre uma dinâmica do índio com a energia espiritual presente.

A passagem do rapé pelo pajé em sua tribo significa que ele está enviando a sua boa energia, a energia de cura. E a fumaça que sai do o inalador do rapé, por meio de sopro do pó fino, promove uma “dança de energias”, segundo relato do cacique Busã da aldeia dos shanenawás do baixo rio Envira, Acre.

O rapé é feito de tabaco e outras ervas e cinzas de árvores. Uma vez misturado, moído é transformado em um pó fino e aromático. Ele é aspirado ou soprado pelas narinas. O tabaco xamânico não é industrializado, sendo um tabaco originado e colhido na floresta, de plantas extremamente poderosas, curativas, e que estão em seu estado original, com toda potência natural.

Receitas amazônicas apresentam diferentes ervas além do tabaco em seu composto como casca da copaíba, cumaru de cheiro (casca da cerejeira), canela-de-velho, sunum (pau-pereira), entre outras cinzas oriundas de cascas de árvores também medicinais.

Considerada uma planta poderosa, este fumo para inalar apresenta benefícios no combate à sinusite, enxaqueca. A qualidade da composição destes ingredientes no seu preparo é de suma importância para o hábito de se consumir rapé.

Alertamos para o fato de o rapé ser oferecido de forma disseminada nas redes sociais, com vendas online do produto em vários sites. É preciso ter conhecimento do preparado do produto, pois não é recomendável o uso do rapé fora do seu ambiente natural.


Fontes:

Rapé – Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Rapé

Mendes dos Santos, G. M; Soares, G.H. (2015) Rapé e Xamanisno entre grupos indígenas no Médio Purus, Amazônia. Disponível em http://periodicos.ufpa.br/index.php/amazonica/article/viewFile/2148/2440

 

Conheça a vacina do sapo, ou kambô

Dentro da cultura dos katukinas e kaxinawás, encontramos a conhecida “vacina do sapo”. Chamada também kambô ou kampô ou kampu, há uma variação dos locais de aplicação desta resina natural retirada de um sapo que vive na Amazônia. De nome científico Phillomedusa bicolor, esta vacina, contém a substância peptídeos analgésicos, que em sua propriedade, indicam algumas versões, tem o poder de fortalecer o sistema imunológico, destruindo micro-organismos patogênicos. Essa resina de caráter medicinal descoberta pelo povo da florestas é usada como proposta de vacina por nativos da Amazônia, para prevenção e combate a doenças. Sua aplicação é realizada sobre a pele e transportada rapidamente para todo o corpo pelos vasos linfáticos.

Os índios indicam a vacina para qualquer distúrbio e desequilíbrio, pois afirmam que purifica o sangue por meio da eliminação das impurezas. É também usada sem qualquer sintoma, mas como o kambô para reforçar a imunidade, ou seja, preventivamente.

Inúmero relatos dos locais descrevem que após a aplicação ocorre um estado de conscientização e clareza de pensamentos, assim como sensação de harmonia e de felicidade. Há ainda a indicação de ocorrência regular de sonhos, melhora da percepção e da intuição e fortalecimento da autoestima.

Diz à lenda que uma vez os índios de uma aldeia kaxinawá ficaram muito doente, e, o pajé tentou curá-los de diversas maneiras, mas nada surtia efeito. Além dele, o sábio curandeiro ancestral da aldeia utilizou todas as ervas medicinais disponíveis, mas nada livrou aquelas pessoas da agonia. Então, em um ritual de pajelança, o pajé recebeu uma mensagem para que se embrenhasse na floresta. Lá, sob os efeitos da ayahuasca, inesperadamente recebeu a visita do grande Deus, que trazia nas mãos um sapo verde, da qual tirou uma secreção esbranquiçada nas costas do animal, e ensinou como deveria ser feita a aplicação dessa secreção nos enfermos.  Voltando à aldeia da tribo, e seguindo as orientações que havia recebido, o pajé pôde curar seus irmãos e irmãos índios. A história pode nos parecer fantasiosa ou mesmo inverossímil, mas o sapo verde existe e a utilização do kambô é rotineira. Dos índios katuquinas, recebeu o nome de ‘’kambô’’, dos kaxinawas, ‘’kambu’’ ou ‘’kambô’’, também podendo ser chamada de kampu ou kempô dependendo da tribo  indígena.

O efeito da vacina do sapo é imediata e curta, porém muito forte: “uma forte onda de calor, que sobe pelo corpo até a cabeça. A dilatação dos vasos sanguíneos parece provocar uma circulação mais veloz do sangue, deixando o rosto vermelho e, em seguida fica pálido. A pressão arterial fica baixa, podendo provocar náuseas, vômito e diarreia. O efeito tem duração de cerca de 15 minutos. A sensação desagradável aos poucos dá lugar à normalidade, e a pessoa se sente mais leve, como se tivesse feito uma boa limpeza, ganhando uma maior disposição”.

Desde 1980, uma série de pesquisas científicas vêm sendo realizadas sobre as propriedades da secreção de Phyllomedusa bicolor. O primeiro a “descobrir” as propriedades da secreção para a ciência atual foi um grupo de pesquisadores italianos. Amostras de rãs foram levadas do Peru para um pesquisador nos Estados Unidos que já havia pesquisado e patenteado anteriormente substâncias da espécie ranária Epipedobates tricolor, utilizada tradicionalmente pelos povos indígenas de Equador.

Também foram publicadas pesquisas sobre as propriedades da secreção por cientistas franceses e israelitas. Mais recente, a mídia informou que a Universidade de Kentucky (EUA) está pesquisando e já patenteando, uma das substâncias encontradas na secreção do sapo em colaboração com a empresa farmacêutica Zymogenetics.

Há ainda literaturas que indicam resultados surpreendentes, com o detalhamento e catalogação de uma série de substâncias altamente eficazes, sendo as principais a dermorfina e a deltorfina, pertencentes ao grupo dos peptídeos. Estes dois peptídeos eram desconhecidos antes das pesquisas de Phyllomedusa bicolor. Dermorfina é um potente analgésico e deltorfina pode ser aplicada no tratamento da isquemia (bloqueio de circulação sanguínea e de oxigênio que pode causar acidente cerebral vascular, popularmente conhecido como derrame). As substâncias secretada pelo sapo também possui propriedades antibióticas e de fortalecimento do sistema imunológico.

Apesar da autoridade sanitária brasileira (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa) determinar a suspensão de toda propaganda ou divulgação sobre a Vacina do Sapo – sob alegações de que não há comprovação científica da eficácia das propriedades terapêuticas e/ou medicinais veiculadas (por meio da Resolução – RE nº 8) -, o cientista Italiano da Universidade de Roma, professor Vittorio Erspamer, indicado duas vezes para o Prêmio Nobel, concluiu contrário a este parecer da Anvisa. Dentro os estudos mais contundentes de Erspamer está a descoberta da serotonina*.  Por meio de suas pesquisas, Erspamer concluiu que a kambô contém um “coquetel fantástico de substâncias com vasto potencial para aplicações médicas, não comparável a qualquer outro anfíbio”.

No final dos anos 1950, o cientista concentrou suas pesquisas nos peptídeos. No laboratório da Universidade Médica Farmacológica de Roma, desenvolveu estudos em animais anfíbios, crustáceos e moluscos, que foram objetos de numerosas pesquisas na Europa e América do Norte. Em 1979, por evidências técnicas, ele se concentrou no estudo no peptídeos opióides Phillimedusa, sapo específico da América do Sul, em especial na parte ocidental da Floresta Amazônica, e, em especial na faixa da fronteira entre Peru, Bolívia e Brasil (nos estados de Roraima e Acre). Esta substância é aplicada pelos índios nativos da região para aumento de suas habilidades como caçadores, fazendo com que sintam-se “invencíveis” e com a atenção e motivação em excelente estado.


*Nota:  Comer doces, Serotonina e Triptofano

Alguns pacientes com quadro de ansiedade e/ou depressão se queixam de uma vontade aumentada de comer doces, incluindo chocolates. Foi tratando-se esses casos com antidepressivos que aumentam a disponibilidade de serotonina e estudando-se a farmacologia da sibutramina, indicada para a compulsão alimentar, notadamente para doces, que a relação sibutramina-ingestão de doces foi estabelecida.  

A serotonina além de desempenhar importantes funções no sistema nervoso, tais como a liberação de alguns hormônios, a regulação do sono, da temperatura corporal, do humor, da atividade motora e das funções cognitivas, também regula a saciedade alimentar.

Soube-se assim que níveis baixos de serotonina, particularmente numa estrutura cerebral chamada hipotálamo, desencadeiam sensação de necessidade de alimentos (particularmente de doces) além do mal-estar emocional. Assim como outros doces, o chocolate parece aumentar o nível de serotonina no hipotálamo, levando ao desaparecimento ou à atenuação da necessidade de comer açúcar e do mal-estar. Por causa disso acredita-se que os “chocólatras” sejam pessoas que vez por outra apresentam níveis baixos de serotonina e consequente mal-estar que desaparece com a ingestão do chocolate.

Dessa forma, sabe-se há tempos que a falta da serotonina tem sido relacionada a doenças como o mal de Parkinson, distonia neuromuscular, depressão, ansiedade, comportamento compulsivo, agressividade, problemas afetivos e, mais recentemente, com o aumento do desejo de ingerir doces e carboidratos.

A sibutramina é uma substância que restabelece as taxas normais de serotonina, fazendo a pessoa atingir mais facilmente a saciedade e conseguir maior controle sobre a ingestão de açúcares. Outros medicamentos que também aumentam a taxa de serotonina são cada vez mais utilizados para emagrecer. A sibutramina e a fluoxetina, medicamentos antidepressivos, costumam proporcionar maior controle sobre o apetite, especialmente para doces.

Mas, paradoxalmente, e ainda não se sabe bem porque, a maioria dos outros antidepressivos parece fazer efeito contrário, resultando em aumento do peso. Hoje em dia, juntamente com o comprometimento da função sexual, um dos diferenciais mais valorizados entre os antidepressivos é exatamente saber qual proporciona menor aumento de peso. Por outro lado, nos casos onde o aumento de peso foi conseqüência da ansiedade e aconteceu antes do início do tratamento com antidepressivos, esses podem proporcionar emagrecimento.

O L-Triptofano é um aminoácido neutro precursor da síntese da serotonina. Variações nos níveis séricos do triptofano podem alterar a concentração de serotonina no cérebro. Desse modo, o triptofano têm sido prescrito como forma de potencializar os efeitos de antidepressivos. Alimentos ricos em proteínas, como carne bovina e de peru, peixe, leite e seus derivados, amendoim, tâmara, banana etc., contêm o L-Triptofano, o nutriente que regula a produção de serotonina.


Fontes:
Daly, Max (2016) Mit Froschgift gegen Depressionen und Alkoholpleme. Dispon;ivel em https://www.vice.com/de/article/yv4zym/kambo-froschgift-zur-behandlung-von-depressionen-und-alkoholproblemen
Erspamer, V. Medical Research on Kambo. Disponível em http://www.kamboalchemy.com/medical-research-on-kambo/ e http://www.kambomedicinaitalia.org/ricerca.htm
lLabate, B.C.; Lima, E. C. Medical Drug or Shamanic Power Plant: The Uses of Kambô in Brazil. Disponível em https://pontourbe.revues.org/2384?lang=pt
Lattazi, G Kambô: Scientific Research and Healing Treatments Disponível em http://www.heartoftheinitiate.com/files/Kambo-Scientific-Research-Healing-Treatments.pdf
Vargas, F El Kambó, la medicina que hace milagros con el sudor de una rana. Disponível em http://www.emol.com/noticias/Tendencias/2014/05/30/740431/El-Kambo-la-medicina-que-hace-milagros-con-el-sudor-de-una-rana.html
Blog Medicinas da Floresta Disponível em: http://medicinasdafloresta.blogspot.com.br/
Internacional Assocation of Kambo Practitioners – http://iakp.org/research-links/4584763576

Vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=Z0PXnAqPSks
https://www.youtube.com/watch?v=szXE36SC0t8
http://www.kamboalchemy.com/medical-research-on-kambo/