Por que a Amazônia é importante?

© WWF-Brasil/Adriano Gambarini

O que liga a floresta Amazônica, o aquecimento mundial e você?

Há muito tempo a floresta Amazônica é reconhecida como um repositório de serviços ecológicos, não só para os povos indígenas e as comunidades locais, mas também para o restante do mundo. Além disso, de todas as florestas tropicais do mundo, a Amazônia é a única que ainda está conservada, em termos de tamanho e diversidade.

No entanto, à medida que as florestas são queimadas ou retiradas e o processo de aquecimento global é intensificado, o desmatamento da Amazônia gradualmente desmonta os frágeis processos ecológicos que levaram anos para serem construídos e refinados.Ironicamente, enquanto as florestas tropicais úmidas diminuem continuamente, o trabalho científico realizado nas últimas duas décadas jogou um pouco de luz sobre os vínculos essenciais que existem entre a saúde das florestas tropicais e o resto do mundo.

Filtragem e reprocessamento da produção mundial de gás carbônico

As árvores desempenham um papel-chave na redução dos níveis de poluição. Para entendermos melhor como isso funciona, vamos tomar como exemplo o gás carbônico (CO2), cujas emissões provêm tanto de fontes naturais como da atividade humana. Nos últimos 150 anos, os seres humanos têm lançado quantidades enormes de CO2 no ar por meio da queima de combustíveis fósseis, carvão, petróleo e gás natural – e esta é uma das principais causas das mudanças climáticas no planeta.

Entra o gás carbônico, sai o oxigênio

Em condições naturais, as plantas retiram o CO2 da atmosfera e o absorvem para fazer a fotossíntese, um processo de produção de energia. Com a fotossíntese, as plantas obtêm:• Oxigênio, que é liberado novamente no ar, e• Carbono, que é armazenado para permitir o crescimento das plantas.Assim, sem as florestas tropicais úmidas e todas as suas plantas fazendo fotossíntese durante o todo o dia, o efeito estufa provavelmente seria mais pronunciado, e as mudanças climáticas podem vir a ser ainda mais graves.

Floresta Amazônica e o gás carbônico

O que as florestas retiram do ar elas podem devolver. Quando as florestas são queimadas, a matéria de carbono da árvore é liberada no ar, na forma de CO2, um gás que polui o ar e que já está presente numa quantidade excessiva na atmosfera.

Onde antes havia floresta tropical úmida e savanas, agora surgem pastagens para a criação de gado. Os pastos estão cheios de gado e também de cupins, e as atividades metabólicas desses dois animais também liberam CO2, embora sua contribuição para a poluição atmosférica ainda gere muita polêmica.

As culturas agrícolas que substituem as florestas absorvem apenas uma pequena fração do CO2 consumido pela floresta tropical úmida. Então, sem florestas, o CO2 deixa de ser transformado pela fotossíntese. Juntamente com a poluição industrial, o desmatamento descontrolado na América do Sul e em outros lugares aumentou significativamente a quantidade de CO2 na atmosfera.

A floresta amazônica pode curar você

Há uma ligação entre os remédios guardados nos armários de sua casa e a vida silvestre da Amazônia: plantas e animais servem como base para a fabricação de medicamentos. Durante milênios, os seres humanos utilizaram insetos, plantas e outros organismos da região para várias finalidades, entre elas a agricultura, vestimentas e, claro, a cura para doenças.

Povos indígenas e outros grupos que vivem na floresta amazônica aperfeiçoaram o uso de compostos químicos encontrados em plantas e animais. O conhecimento sobre o uso dessas plantas geralmente fica nas mãos de um curandeiro, que por sua vez repassa a tradição para um aprendiz. Esse processo se mantém ao longo de séculos e compõe uma parte integral da identidade desses povos. No entanto, com o rápido desaparecimento das florestas úmidas tropicais, a continuidade desse conhecimento para o benefício das futuras gerações encontra-se ameaçada.

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Menos de 0,5% das espécies amazônicas foram detalhadamente estudadas quanto ao seu potencial medicinal

O potencial inexplorado das plantas amazônicas

Os cientistas acreditam que menos de 0,5% das espécies da flora foram detalhadamente estudadas quanto ao seu potencial medicinal. Ao mesmo tempo em que o bioma Amazônia está encolhendo lentamente em tamanho, a riqueza da vida silvestre de suas florestas também se reduz, bem como uso potencial das plantas e animais que ainda não foram descobertos.


Fatos e curiosidades:

A importância da Floresta Amazônica para o clima local e o clima do planeta

As florestas tropicais e as florestas com árvores mais espaçadas, como o cerrado, por exemplo, trocam grandes quantidades de água e energia com a atmosfera e são consideradas importantes para o controle do clima local e regional.
A água liberada na atmosfera pelas plantas por meio da evapotranspiração e a água que os rios despejam nos oceanos influenciam o clima do planeta e a circulação das correntes oceânicas. Isso funciona como um mecanismo de retroalimentação: de um lado, as florestas garantem a manutenção do clima regional, de outro, o clima garante a sobrevivência das florestas.

Texto transcrito na sua integralidade do site wwf: https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/amazonia1/bioma_amazonia/porque_amazonia_e_importante/

Rapé: sua utilização e indicações

O uso do rapé é ancestral e presente em diversos lugares e épocas da história. Durante a colonização do Brasil, os indígenas e pajés da floresta já faziam uso do rapé como medicina e de seu poder espiritual nos cerimoniais da tribo. Muitos europeus que vieram ao Brasil na época experimentaram o rapé.

Até hoje os pajés usam rapés antes de entrar na mata para se harmonizarem com os seres da floresta. Já os índios o utilizam como forma de ligação do seu espírito com o mundo espiritual. “Passar rapé” é o termo usado durante o ritual xamânico e a substância está sempre presente nas pajelança dos índios da região amazônica, em especial os que vivem no Acre.

Rapé é um pó fino, que ao ser inalado por meio de uma fumaça ou nuvem que se sopra, envolve o ambiente. Os índios acreditam que a aspiração desta fumaça representa absorver energia dos espíritos que acompanham o pajé, sua ancestralidade e os seres espirituais que habitam a floresta. Após aspirar ocorre uma dinâmica do índio com a energia espiritual presente.

A passagem do rapé pelo pajé em sua tribo significa que ele está enviando a sua boa energia, a energia de cura. E a fumaça que sai do o inalador do rapé, por meio de sopro do pó fino, promove uma “dança de energias”, segundo relato do cacique Busã da aldeia dos shanenawás do baixo rio Envira, Acre.

O rapé é feito de tabaco e outras ervas e cinzas de árvores. Uma vez misturado, moído é transformado em um pó fino e aromático. Ele é aspirado ou soprado pelas narinas. O tabaco xamânico não é industrializado, sendo um tabaco originado e colhido na floresta, de plantas extremamente poderosas, curativas, e que estão em seu estado original, com toda potência natural.

Receitas amazônicas apresentam diferentes ervas além do tabaco em seu composto como casca da copaíba, cumaru de cheiro (casca da cerejeira), canela-de-velho, sunum (pau-pereira), entre outras cinzas oriundas de cascas de árvores também medicinais.

Considerada uma planta poderosa, este fumo para inalar apresenta benefícios no combate à sinusite, enxaqueca. A qualidade da composição destes ingredientes no seu preparo é de suma importância para o hábito de se consumir rapé.

Alertamos para o fato de o rapé ser oferecido de forma disseminada nas redes sociais, com vendas online do produto em vários sites. É preciso ter conhecimento do preparado do produto, pois não é recomendável o uso do rapé fora do seu ambiente natural.


Fontes:

Rapé – Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Rapé

Mendes dos Santos, G. M; Soares, G.H. (2015) Rapé e Xamanisno entre grupos indígenas no Médio Purus, Amazônia. Disponível em http://periodicos.ufpa.br/index.php/amazonica/article/viewFile/2148/2440

 

Conheça a vacina do sapo, ou kambô

Dentro da cultura dos katukinas e kaxinawás, encontramos a conhecida “vacina do sapo”. Chamada também kambô ou kampô ou kampu, há uma variação dos locais de aplicação desta resina natural retirada de um sapo que vive na Amazônia. De nome científico Phillomedusa bicolor, esta vacina, contém a substância peptídeos analgésicos, que em sua propriedade, indicam algumas versões, tem o poder de fortalecer o sistema imunológico, destruindo micro-organismos patogênicos. Essa resina de caráter medicinal descoberta pelo povo da florestas é usada como proposta de vacina por nativos da Amazônia, para prevenção e combate a doenças. Sua aplicação é realizada sobre a pele e transportada rapidamente para todo o corpo pelos vasos linfáticos.

Os índios indicam a vacina para qualquer distúrbio e desequilíbrio, pois afirmam que purifica o sangue por meio da eliminação das impurezas. É também usada sem qualquer sintoma, mas como o kambô para reforçar a imunidade, ou seja, preventivamente.

Inúmero relatos dos locais descrevem que após a aplicação ocorre um estado de conscientização e clareza de pensamentos, assim como sensação de harmonia e de felicidade. Há ainda a indicação de ocorrência regular de sonhos, melhora da percepção e da intuição e fortalecimento da autoestima.

Diz à lenda que uma vez os índios de uma aldeia kaxinawá ficaram muito doente, e, o pajé tentou curá-los de diversas maneiras, mas nada surtia efeito. Além dele, o sábio curandeiro ancestral da aldeia utilizou todas as ervas medicinais disponíveis, mas nada livrou aquelas pessoas da agonia. Então, em um ritual de pajelança, o pajé recebeu uma mensagem para que se embrenhasse na floresta. Lá, sob os efeitos da ayahuasca, inesperadamente recebeu a visita do grande Deus, que trazia nas mãos um sapo verde, da qual tirou uma secreção esbranquiçada nas costas do animal, e ensinou como deveria ser feita a aplicação dessa secreção nos enfermos.  Voltando à aldeia da tribo, e seguindo as orientações que havia recebido, o pajé pôde curar seus irmãos e irmãos índios. A história pode nos parecer fantasiosa ou mesmo inverossímil, mas o sapo verde existe e a utilização do kambô é rotineira. Dos índios katuquinas, recebeu o nome de ‘’kambô’’, dos kaxinawas, ‘’kambu’’ ou ‘’kambô’’, também podendo ser chamada de kampu ou kempô dependendo da tribo  indígena.

O efeito da vacina do sapo é imediata e curta, porém muito forte: “uma forte onda de calor, que sobe pelo corpo até a cabeça. A dilatação dos vasos sanguíneos parece provocar uma circulação mais veloz do sangue, deixando o rosto vermelho e, em seguida fica pálido. A pressão arterial fica baixa, podendo provocar náuseas, vômito e diarreia. O efeito tem duração de cerca de 15 minutos. A sensação desagradável aos poucos dá lugar à normalidade, e a pessoa se sente mais leve, como se tivesse feito uma boa limpeza, ganhando uma maior disposição”.

Desde 1980, uma série de pesquisas científicas vêm sendo realizadas sobre as propriedades da secreção de Phyllomedusa bicolor. O primeiro a “descobrir” as propriedades da secreção para a ciência atual foi um grupo de pesquisadores italianos. Amostras de rãs foram levadas do Peru para um pesquisador nos Estados Unidos que já havia pesquisado e patenteado anteriormente substâncias da espécie ranária Epipedobates tricolor, utilizada tradicionalmente pelos povos indígenas de Equador.

Também foram publicadas pesquisas sobre as propriedades da secreção por cientistas franceses e israelitas. Mais recente, a mídia informou que a Universidade de Kentucky (EUA) está pesquisando e já patenteando, uma das substâncias encontradas na secreção do sapo em colaboração com a empresa farmacêutica Zymogenetics.

Há ainda literaturas que indicam resultados surpreendentes, com o detalhamento e catalogação de uma série de substâncias altamente eficazes, sendo as principais a dermorfina e a deltorfina, pertencentes ao grupo dos peptídeos. Estes dois peptídeos eram desconhecidos antes das pesquisas de Phyllomedusa bicolor. Dermorfina é um potente analgésico e deltorfina pode ser aplicada no tratamento da isquemia (bloqueio de circulação sanguínea e de oxigênio que pode causar acidente cerebral vascular, popularmente conhecido como derrame). As substâncias secretada pelo sapo também possui propriedades antibióticas e de fortalecimento do sistema imunológico.

Apesar da autoridade sanitária brasileira (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa) determinar a suspensão de toda propaganda ou divulgação sobre a Vacina do Sapo – sob alegações de que não há comprovação científica da eficácia das propriedades terapêuticas e/ou medicinais veiculadas (por meio da Resolução – RE nº 8) -, o cientista Italiano da Universidade de Roma, professor Vittorio Erspamer, indicado duas vezes para o Prêmio Nobel, concluiu contrário a este parecer da Anvisa. Dentro os estudos mais contundentes de Erspamer está a descoberta da serotonina*.  Por meio de suas pesquisas, Erspamer concluiu que a kambô contém um “coquetel fantástico de substâncias com vasto potencial para aplicações médicas, não comparável a qualquer outro anfíbio”.

No final dos anos 1950, o cientista concentrou suas pesquisas nos peptídeos. No laboratório da Universidade Médica Farmacológica de Roma, desenvolveu estudos em animais anfíbios, crustáceos e moluscos, que foram objetos de numerosas pesquisas na Europa e América do Norte. Em 1979, por evidências técnicas, ele se concentrou no estudo no peptídeos opióides Phillimedusa, sapo específico da América do Sul, em especial na parte ocidental da Floresta Amazônica, e, em especial na faixa da fronteira entre Peru, Bolívia e Brasil (nos estados de Roraima e Acre). Esta substância é aplicada pelos índios nativos da região para aumento de suas habilidades como caçadores, fazendo com que sintam-se “invencíveis” e com a atenção e motivação em excelente estado.


*Nota:  Comer doces, Serotonina e Triptofano

Alguns pacientes com quadro de ansiedade e/ou depressão se queixam de uma vontade aumentada de comer doces, incluindo chocolates. Foi tratando-se esses casos com antidepressivos que aumentam a disponibilidade de serotonina e estudando-se a farmacologia da sibutramina, indicada para a compulsão alimentar, notadamente para doces, que a relação sibutramina-ingestão de doces foi estabelecida.  

A serotonina além de desempenhar importantes funções no sistema nervoso, tais como a liberação de alguns hormônios, a regulação do sono, da temperatura corporal, do humor, da atividade motora e das funções cognitivas, também regula a saciedade alimentar.

Soube-se assim que níveis baixos de serotonina, particularmente numa estrutura cerebral chamada hipotálamo, desencadeiam sensação de necessidade de alimentos (particularmente de doces) além do mal-estar emocional. Assim como outros doces, o chocolate parece aumentar o nível de serotonina no hipotálamo, levando ao desaparecimento ou à atenuação da necessidade de comer açúcar e do mal-estar. Por causa disso acredita-se que os “chocólatras” sejam pessoas que vez por outra apresentam níveis baixos de serotonina e consequente mal-estar que desaparece com a ingestão do chocolate.

Dessa forma, sabe-se há tempos que a falta da serotonina tem sido relacionada a doenças como o mal de Parkinson, distonia neuromuscular, depressão, ansiedade, comportamento compulsivo, agressividade, problemas afetivos e, mais recentemente, com o aumento do desejo de ingerir doces e carboidratos.

A sibutramina é uma substância que restabelece as taxas normais de serotonina, fazendo a pessoa atingir mais facilmente a saciedade e conseguir maior controle sobre a ingestão de açúcares. Outros medicamentos que também aumentam a taxa de serotonina são cada vez mais utilizados para emagrecer. A sibutramina e a fluoxetina, medicamentos antidepressivos, costumam proporcionar maior controle sobre o apetite, especialmente para doces.

Mas, paradoxalmente, e ainda não se sabe bem porque, a maioria dos outros antidepressivos parece fazer efeito contrário, resultando em aumento do peso. Hoje em dia, juntamente com o comprometimento da função sexual, um dos diferenciais mais valorizados entre os antidepressivos é exatamente saber qual proporciona menor aumento de peso. Por outro lado, nos casos onde o aumento de peso foi conseqüência da ansiedade e aconteceu antes do início do tratamento com antidepressivos, esses podem proporcionar emagrecimento.

O L-Triptofano é um aminoácido neutro precursor da síntese da serotonina. Variações nos níveis séricos do triptofano podem alterar a concentração de serotonina no cérebro. Desse modo, o triptofano têm sido prescrito como forma de potencializar os efeitos de antidepressivos. Alimentos ricos em proteínas, como carne bovina e de peru, peixe, leite e seus derivados, amendoim, tâmara, banana etc., contêm o L-Triptofano, o nutriente que regula a produção de serotonina.


Fontes:
Daly, Max (2016) Mit Froschgift gegen Depressionen und Alkoholpleme. Dispon;ivel em https://www.vice.com/de/article/yv4zym/kambo-froschgift-zur-behandlung-von-depressionen-und-alkoholproblemen
Erspamer, V. Medical Research on Kambo. Disponível em http://www.kamboalchemy.com/medical-research-on-kambo/ e http://www.kambomedicinaitalia.org/ricerca.htm
lLabate, B.C.; Lima, E. C. Medical Drug or Shamanic Power Plant: The Uses of Kambô in Brazil. Disponível em https://pontourbe.revues.org/2384?lang=pt
Lattazi, G Kambô: Scientific Research and Healing Treatments Disponível em http://www.heartoftheinitiate.com/files/Kambo-Scientific-Research-Healing-Treatments.pdf
Vargas, F El Kambó, la medicina que hace milagros con el sudor de una rana. Disponível em http://www.emol.com/noticias/Tendencias/2014/05/30/740431/El-Kambo-la-medicina-que-hace-milagros-con-el-sudor-de-una-rana.html
Blog Medicinas da Floresta Disponível em: http://medicinasdafloresta.blogspot.com.br/
Internacional Assocation of Kambo Practitioners – http://iakp.org/research-links/4584763576

Vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=Z0PXnAqPSks
https://www.youtube.com/watch?v=szXE36SC0t8
http://www.kamboalchemy.com/medical-research-on-kambo/

Não adianta agradar apenas a Gisele

Uma rápida consulta aos principais doadores do Fundo Amazônia é mais do que o suficiente para entender as razões que levaram a primeira ministra da Noruega, Erna Solberg, a repreender publicamente Michel Temer, durante conferência de imprensa conjunta, realizada nesta sexta-feira (23/06) após reunião entre os dois governantes na visita oficial do presidente brasileiro ao país nórdico. Em meio às críticas quanto à corrupção no Brasil e um pedido para que o país faça uma “limpeza” nos desvios de recursos públicos, Erna falou sobre a preocupação da Noruega com o aumento do desmatamento na floresta amazônica e anunciou que reduzirá as doações ao fundo, porém sem dar maiores detalhe sobre a retração no valor.

Para se ter uma ideia da importância do Governo da Noruega, dos R$ 2,850 bilhões doados mais de R$ 2,77 bilhões vieram do país – ou seja, 97,3% do total. Os valores compreendem o período de 2009 a 2017. Em segundo, vem o governo alemão, com R$ 60,6 milhões, seguido da Petrobras, com R$ 14,7 milhões.

De acordo com o Fundo Amazônia, a captação de recursos está condicionada à redução da emissão de gases de estufa oriundos do desmatamento. Somente após a comprovação é que novas captações de recursos podem ser viabilizadas. Entre as razões para a existência do Fundo Amazônia estão a promoção de projetos para a prevenção e o combate ao desmatamento e também à conservação e o uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia. A gestão é realizada pelo BNDES, que conta ainda com um Comitê Orientador que reúne representantes do Governo Federal, dos estados da Amazônia Legal e da sociedade civil organizada.

Cabe ressaltar, contudo, que uma das maiores causas para o desmatamento e a consequente perda dos recursos para tocar adiante os projetos do Fundo Amazônia é exatamente a pecuária. Ou seja, o Brasil vem sacrificando um dos maiores patrimônios da humanidade para a criação de gado, destinados ao consumo interno e à exportação.

Dessa forma, lembrando que a Premiê norueguesa reforçou a necessidade do combate à corrupção, não se pode dissociar o paradoxal apoio que o governo sempre deu, por meio do BNDES, aos gigantes frigoríficos, especialmente à JBS (agora de lado oposto, após a delação dos irmãos Batista) – incentivando o próprio desmatamento.

Para um país que, segundo a mais recente pesquisa da Transparência Internacional, ficou em 6º lugar no ranking de percepção de nações menos corruptas, criticar o Brasil, que ficou na inglória 79ª colocação, é muito simples. O difícil é explicar como um governo é dependente de empresas, como JBS, para permanecer no poder, por meio de Caixa 2, alicerçando uma relação promíscua entre o dinheiro público e o privado.

Como se vê não adianta nada começar a semana agradando a modelo Gisele Bündchen, vetando as MPs 756 e 758 – que poderiam diminuir a área preservada na Amazônia – e chegar ao final de semana com uma redução representativa de recursos para conter o desmatamento no futuro.

Mais do que tentar responder à top model brasileira, via Twitter, o governo brasileiro tentou, na verdade, com os vetos às MPs, era melhorar sua barra com o governo da Noruega, às vésperas da viagem de Temer. Mas o esforço pelo que se viu foi inútil. (Rodrigo Petry)

Fonte: http://www.fundoamazonia.gov.br/FundoAmazonia/fam/site_pt/Esquerdo/Doacoes/